quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sem perder um só segundo

Às vezes está tudo bem que não queremos perder um só segundo... É o amor! Por ser tão grande e a relação tão boa nos faz tudo engessar, mantém a gente ali - sem querer deixar o outro por nada neste mundo... Afinal, tudo nele nos agrada, nos completa.

O cheiro, o corpo, o carinho, o olhar, o desejo - tudo nos faz sentir mais, melhor, tudo nos faz ser parte. Parte de uma relação de amor. Verdadeira. Total. Íntegra.

E se tudo vai bem dessa forma - até mesmo enroscada -, como deixar o outro para viajar, trabalhar, para um happy hour com os amigos? Como não perdê-lo e não aprisioná-lo? Não afugentar o outro de tanto querer? De tanto amar?

Essa é mesmo uma pergunta complexa para quem está dentro da relação e não quer sair... E respondê-la é mais difícil ainda - quando esse mesmo sentimento arrebatador acontece dos dois lados... Um que não pode viver sem o outro e o outro que não respira sem um... Enfim, amor, amor, amor... Ou melhor: loucura, loucura, loucura...

Dois lados

Mas como tudo na vida tem uma respostas, ficam aqui duas possibilidades, digo, duas oportunidades para encarar a situação. Primeiro, podemos mesmo nos enterrar na relação por tempo indeterminado. E então, a médio e longo prazos, vamos perder a referência do que é liberdade, do que é ser, do que é viver a vida, o sonho, o tudo - vamos nos esquecer do que é amar e ser amado...

Assim, a relação começa a degringolar. O outro perde sua cor, seu cheiro, seu olhar, seu desejo - vai aos poucos DESBOTANDO... A relação não resiste à tamanha anulação de um lado e de outro. Ambos se perdem. Ambos desistem... Tudo acaba.

Por outro lado, podemos fazer com que essa chama se estenda. Podemos nos manter íntegros. Inteiros. Podemos viver e deixar viver. Ser parte da relação ao mesmo tempo em que nos mantemos vivos e atuantes em todos os nossos outros papéis. Ou seja: vamos ser parceiros, amantes, irmãos, amigos, profissionais, colegas etc.

Espaço

Encontrar ao longo do dia espaço e tempo para cada um dos pedaços da vida. Para cada uma das situações que nos faz completos. A relação tende a ser mais leve. O outro - mantendo-se na mesma sintonia - estimula a troca, o crescimento mútuo, o desenvolvimento, o confronto no que este tem de mais positivo: auto-conhecimento, nossos limites, o que queremos e não queremos.

Como você pode ver, o desfecho é mesmo diferente. E, posso lhes assegurar que essa é mesmo uma escolha que fazemos dia-a-dia. Ela vem vestida de decisões e mais decisões que tomamos ao longo da nossa vida e, que nos faz - mais desapegados e ao mesmo tempo - mais preparados para viver relacionamentos.

Quando emocionalmente não estamos preparados, parece mesmo que temos de trazer o outro a reboque, aprisionado, como se fosse um pedaço de nós... O pedaço da laranja sem o qual não somos nada. E isso é uma grande bobagem. A relação saudável pede mesmo duas laranjas inteiras e sadias... Nada de pedaços, nada de pobreza de espírito, nada do que limita a vida, apaga o sorriso, desmancha o relacionamento.

Estar saudável, por isso, demanda estar liberto. Amar-se. Amar o outro. Ser e estar... Assim é a vida. Um caminho completo de aprendizagem e transformação... É preciso, no entanto caminhar com os pés no chão, os olhos abertos, a mente sã, o coração aberto...

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