quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O poder destruidor da antena parabólica no interior do Ceará


A invasão sudestina através das antenas parabólicas da TV, além de atrofiar a cultura local, e desdenhar do poder de impor algo relevante aos interesses obscuros sudestinos, contribui para aniquilar o mercado publicitário e a renda das emissoras de TVs do interior do Nordeste.
A concorrência das parabólicas é desleal, e bastante significativa. Qualquer residência, seja sofisticada ou humilde, detém ao seu alcance o poder de uma TV, e uma antena parabólica para chupar toda programação produzida em outras realidades além nordestinas. Nossa região, por si só, já existem grandes diferenças culturais, sociais, econômicas, imagina ser obrigado a assistir trinta e poucos canais abertos, transmitidos pela parabólica, no distanciamento de sentidos, sem ter nenhum que seja produzido dos estúdios do “NE S/A”.


O que era para ser uma choradeira apenas pelo lado educativo, cultural da força das parabólicas nos rincões do Brasil, nós descobrimos que o tiro sai pela culatra (como diria um sábio antigo), ou seja, a invasão direta do satélite afeta o próprio mercado publicitário das emissoras de TV instaladas, por exemplo, no Cariri cearense.
Há uma dificuldade de se vender a mídia TV por conta dos clientes se negarem a investir numa mídia assistida por poucos, já que a maioria da população utiliza dos recursos da antena parabólica, que apenas transmite coisas do sudeste e do sul. O exemplo mais claro do caos no setor vem do Cariri, onde muita gente esta se rebolando como pode para vender espaços na TV Verdes Mares Cariri (a nova afiliada da Globo), e TV Verde Vale (a primeira TV do interior do Ceará). O problema é crônico, e difícil de ser resolvido devido ao grande poder das emissoras sudestinas. As antenas parabólicas dominaram a capacidade de captação das emissoras em todo o interior devido à qualidade da imagem ser superior ao retransmitido pelas antenas simples. O público interiorano sem opções (lugares que antes não pegava sinal de TV, depois das parabólicas começou a pegar) adotou ao sistema que ficou com preços populares. A única emissora de televisão do Nordeste que transmitia com sinal aberto do satélite teve que sair as pressas das parabólicas por força do grupo de comunicação da rede Globo. A região ficou órfão do olhar para seu próprio umbigo.
Ou há uma política clara sobre esta triste falha da comunicação televisiva brasileira ou as desigualdades no setor persistiram. Será possível dizer que há democracia neste setor? Por que nenhuma outra região do Brasil pode ter sua emissora de TV com sinal aberto na parabólica? Como fazer o mercado do interior reagir diante ameaça da parabólica? O sinal digital poderá modificar esta realidade para as emissoras de TV do interior do Ceará, no entanto, vai demorar muito para esta realidade acontecer, já que além do alto investimento das emissoras, ainda tem que esperar o investimento dos equipamentos do público telespectador. Quando será o dia que os casebres deixaram a parabólica de lado e se utilizaram do sinal digital? Neste derradeiro dia o mercado publicitário do interior, e as próprias emissoras de TV poderão se erguer.
Enquanto este ideal não chega o drama continua: além de aniquilar o telespectador do interior, sem opção para assistir uma programação local, as TVs nas parabólicas podem ceifar de vez o mercado publicitário do setor no interior do Estado. O público consumindo São Paulo, Rio e afins, e sem nenhuma notícia do quintal de sua casa. Ache bom ou ache ruim, as parabólicas são uma peste no interior, é isto!

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