sexta-feira, 2 de outubro de 2009

REVISTA VEJA E SOBRAL


Mais uma vez a veja (com inicial minúscula mesmo) superou-se. Afora seu tradicional partidarismo e medíocre jornalismo, a revista realizou na última edição uma exaltação ao preconceito regional e à ignorância histórica. O tom de deboche da reportagem é uma ofensa não só a Sobral, mas a todos os nordestinos. A revista paulista faz uma coisa cada vez mais comum em parte da imprensa deste País: acusa, ironiza, mas esquece de olhar para o próprio umbigo (para não dizer outra coisa começada com "r").
A influência norte-americana e de estrangeirismos não ocorreu apenas em Sobral ou foi endossada por este ou aquele grupo político. Os jornalistas de veja deveriam pegar qualquer livro de história e estudar para entender que todo o Ocidente no final do século XIX e começo do século XX era influenciado pela cultura européia (tinha-se a chamada Belle Époque), especialmente pela Inglaterra e França – daí entende-se o Arco do Triunfo, o Jockey Club, etc., de Sobral, monumentos que apresentam semelhanças com outros existentes Brasil afora, inclusive em São Paulo – o Teatro Municipal da capital paulista, inaugurado em 1911, inspirou-se na Ópera de Paris e em outros teatros europeus da segunda metade do século XIX (será que os jornalistas da veja conhecem pelo menos a história de sua cidade?).
Como exemplo ainda, o Passeio Público em Fortaleza foi construído naquela conjuntura e o futebol, paixão nacional, chegou ao Brasil como mais uma influência européia. Há vários outros casos, facilmente percebidos. Era (e ainda é) normal que as elites e classes médias de todo o Brasil, para evidenciar sua "civilidade" e "modernidade", adotassem comportamentos e hábitos estrangeiros. A influência cultural norte-americana, embora já existente desde os anos 1920, só consolidou-se mesmo no pós II Guerra Mundial – portanto, depois da construção dos equipamentos urbanos citados na reportagem da revista. Veja-se como será a campanha eleitoral do próximo ano e espie-se o despreparo e ignorância (para não dizer outra coisa começada com "b") daqueles que almejam (re)tomar o poder do Brasil.

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