quinta-feira, 26 de março de 2009

Qual é a diferença entre o que a Globo fez com a TV Diário e o que o Hugo Chávez fez com a TV estatal na Venezuela?

A mesma Globo que estirou a baladeira na época da suposta censura de Hugo Chávez a RCTV venezuelana (se solidarizando com a elite da Venezuela) fez ainda pior no Brasil: tirou do ar uma única rede de TV com potencial para mostrar a cultura do Nordeste. Calou de uma hora para outra o sinal do satélite da TV Diário, uma emissora cearense que estava incomodando afiliadas da Rede Globo pelo Nordeste afora e alguns nichos de mercado pelo país.
Uma emissora que apóia golpes, faz campanhas difamatórias, defende os seus íntimos interesses em desafeto e abuso aos interesses coletivos, e persegue contra qualquer pessoa que se atrever e ir contra os seus interesses, o seu império, na época de renovar as concessões públicas para explorar o serviço de emissora de televisão realmente deve passar por uma sabatina para ver se é merecedora de ficar por mais tempo no ar, e atingir os lares de toda uma nação. Comunicação é algo muito sério, é questão de saúde pública. O que Chávez fez na época foi avaliar (e o presidente da república tem todo direito de ajuizar) se deve ou não uma rede de TV permanecer no ar da nação (está na lei, apenas os presidentes deixa passar a oportunidade das emissoras de TV prestarem conta a toda a sociedade). O momento da renovação da concessão pública para explorar a comunicação deveria ser mais rígido com diversas audiências públicas em todo o país. Desta forma escutaria a população e os técnicos especializados para só assim poder ou não renovar o pedido junto aos órgãos do Governo.
O caso venezuelano estava previsto na lei do país. Lei que também existe no Brasil, mas ainda não teve um presidente que bloqueasse uma concessão pública de uma grande emissora de TV. No ano passado muitas concessões de TVs do Brasil perderam a validade (inclusive as principais emissoras da Rede Globo), no entanto, até o momento nenhuma concessão foi negada pelo presidente Lula (é preciso ter muito pulso forte, já que poderiam confundir com ato de “ditador”).
No caso de censura brasileira, o episódio da TV Diário, a TV Globo enfeitou a censura, como se faz efeitos especiais para suas novelas, e fez de conta que por causa do reajuste no sistema do satélite com suas afiliadas, a TV Diário teria que sair do sinal do satélite (nada de negociar, teria que sair e pronto, cearenses atrevidos!). Ou seja, obrigou a TV Diário sair do satélite para não concorrer mais com suas afiliadas do Nordeste, e também para não perder determinados nichos de mercado para com a emissora cearense (medo da concorrência mesmo!). Um caso de censura explicita que encontrou brechas na lei motivada pelo incomodo da concorrência do IBOPE, e futuro crescimento ainda mais intenso da TV Diário.
Tanto no caso venezuelano como no caso brasileiro as TVs caladas (uma fechada na transmissão tradicional de TV, a outra vedada de se exibir no satélite) têm a mão do poder de poucos para tampar a voz. Sabemos dos crimes cometidos pelas TVs quando apelam de todas as formas de linguagem e imagens para impulsionar e alavancar o clamor popular na manipulação delituosa, para beneficiar determinados grupos econômicos e políticos (além dos donos das próprias emissoras). No caso da Venezuela seria até justo se for medir os prejuízos da coletividade que recebiam as informações da tal rede de TV deturpadas. No entanto, seria ideal era abrir mais concessões públicas para toda coletividade, e acabar de vez com o cartel das redes de TVs (tanto na Venezuela como no Brasil). Assim como, no caso brasileiro deveria dar poder de igualdade e abrir mais oferta de concessões públicas não para políticos ou igrejas nefastas, mas para grupos populares, entidades públicas, organizações não governamentais, e para toda coletividade, com ajuda financeira pública e privada.
Todas as vozes devem falar com igual intensidade (de forma e de qualidade) na pluralidade parecida como a percebida nos Blogs da Internet. RCTV e TV Diário (situações diferentes) deveriam ter permanecido no ar, assim também, como mais vozes dos rincões dos dois países deveriam surgir e contribuir para a multiplicação das vozes, dos conteúdos, das múltiplas visões de mundo (seja contra ou a favor do poder, dos poderosos, dos que se acham no direito de controlar o mercado, da elite, da coletividade, dos miseráveis) o importante é todos falarem com a mesma intensidade e acabar de vez com o cartel, com a máfia dos donos dos meios de comunicação seja no Brasil, na Venezuela ou qualquer outro território pelo mundo. Desde que para a comunicação todas as emissoras possuam qualidades técnicas parecidas e a iguaria no número de emissoras e investimentos financeiros. Viva o que era para ser uma democracia! Ache bom ou ache ruim, a censura da Rede Globo foi pior que a venezuelana, é isto!


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