segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Causos da vida: um conto natalino das ruas de Fortaleza, por favor!

Veículos que passam de vidro fechado na velocidade do verde do sinal. No cruzamento que leva a lugar algum. Mãos que se estendem quando o vermelho pede para parar. É Natal, e as ruas estão cheias de pedintes. Cheia de luzes vermelhas, piscante, a iluminar os rostos mendicantes. A periferia, os morros, os becos, os ocupantes das ribeirinhas dos rios saem das tocas para pedir esmolas.
Semáforo em que meninos e meninas, mães e avós deixam suas casas para pedir na parada obrigatória dos veículos. Entre os dedos que guiam direções, pequenos dedos sujos que solicitam moedas e dinheiro contaminado por alguma micose governamental. Era um menino preto, imundo, faminto e generoso que pedia para Astra, Mercedes, Fusca ou Gol. Uno, e L200, BMW, e Celta. Estava difícil na noite de Natal. Menino Jesus parecia não tocar caridade de corações sobre rodas. Sinal fechava lá ia correndo alcançar alguma moeda.
Eis que um, apenas um, um carro preto e velho parou no sinal vermelho naquela madrugada de muitas luzes e pouco coração. Mãos sujas se volta a pedir. Vidro escuro baixa, motorista sai do seu mundo e fala: abra a porta menino, pegue o seu presente no banco detrás. Espantado, e assim foi feito pelos dedos sujos da vida. Abriu a porta traseira e deslumbrou com a surpresa: uma cesta básica completa mais um brinquedo.
O menino pálido ficou! Quase a tremer, não sabia para quem agradecer. Se ao homem motorista ou a Deus guiador da Terra. Saiu no meio do trânsito levando a imensa cesta e o brinquedo quase caindo. Deixou o sinal e foi para casa jantar na santa ceia atrasada de Natal.

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