terça-feira, 25 de novembro de 2008


Chorar faz bem à saúde

Por EFE Reportagens

O riso e o choro têm muitas coisas em comum, entre elas, e a mais óbvia, é que são contagiosos. O riso libera endorfinas, que nada mais são do que proteínas produzidas pelo corpo. As endorfinas atuam como neurotransmissores, aumentando os níveis de células T, que reforçam o sistema imunológico do organismo.

Uma coisa parecida acontece com o choro. Chorar nos faz liberar adrenalina, um hormônio que segregamos em situações de estresse, e noradrenalina, que atua como neurotransmissor e tem um efeito contrário ao da adrenalina. Quando choramos, eliminamos estes hormônios, o que produz uma sensação de desafogo e tranqüilidade. Um exemplo disto é que, após chorar, tanto as crianças como os mais velhos sentem sonolência.

A melhor válvula de escape.

O choro é a melhor válvula de escape para qualquer emoção intensa e que nos sobrecarrega em um dado momento. Quando começamos a chorar, as emoções são libertadas como se as tivéssemos fechadas dentro de uma panela de pressão.O pranto é parte da aprendizagem e do desenvolvimento humano, mas conforme nos tornamos adultos achamos que as lágrimas são "coisa de criança", e somente nos permitimos chorar em muito poucas ocasiões.
O estresse, a tristeza, a dor psíquica e física, a alegria, os nervos, a angústia, a emoção etc., são sentimentos que podemos traduzir em lágrimas. Quando o fazemos, nos sentimos muito melhor, mas se afogamos o pranto só conseguimos aumentar a pressão e o desequilíbrio interior.
As lágrimas que não derramamos podem fazer nosso corpo e alma adoecerem, por isso é preciso aprender a chorar de novo, algo muito difícil em sociedades nas quais chorar é uma coisa que é feita muito poucas vezes e preferencialmente em particular.

Os tipos de lágrimas.

É certo que as lágrimas ajudam a limpar os olhos e evitam que se ressequem. Há dois tipos de lágrimas, as reflexivas, que são as provocadas por alguns alimentos e substâncias fortes demais, poeira etc. E as que brotam da alma e obedecem a estados de ânimo e sentimentos.
O interessante é que tanto uma quanto a outra não têm a mesma composição química. As lágrimas que têm uma origem emocional contêm grande proporção de um mineral, o manganês, e do hormônio prolactina, cujos níveis estão relacionados com o estado de ânimo do ser humano, o único membro do reino animal que expressa com riso e choro seus sentimentos.
As lágrimas de tipo emocional são muito difíceis de serem controladas, e embora não cheguemos a vertê-las, ter os olhos brilhantes e cheios de lágrimas é uma coisa que nos acontece praticamente com todo mundo em determinadas ocasiões. No extremo oposto de expressar raramente com lágrimas nossas emoções está o fato de chorar freqüentemente. Quando isto ocorre é sintoma de um estado de tristeza e angústia que pode precisar de ajuda médica.
Os conflitos também têm um período de recuperação mais ou menos longo e chegam a ser superados, algumas vezes com a ajuda de remédios e de outras pessoas.

O choro como fator cultural.

Em algumas sociedades existem as carpideiras, cujo trabalho é chorar pelas dores alheias e ajudar a provocar uma catarse de pranto e dor que permita expressar a angústia e a tristeza. Em outras, o pranto coletivo é algo socialmente estabelecido em momentos de crise e desgraça.
Segundo Homero, os heróis da antiga Grécia derramavam com freqüência lágrimas abundantes. Na Europa da Idade Média, as crônicas contam que caudilhos e homens de guerra choravam sem vergonha alguma e se lamentavam com grandes gritos.
O costume de chorar em público nas sociedades ocidentais, especialmente no caso dos homens, é uma coisa que não acontece freqüentemente e, quando ocorre, costuma ser um pranto silencioso, quase furtivo.
"Chorar não é coisa de homem" dizem as mães a seus filhos pequenos, mas o pranto das crianças é parte integral de seu desenvolvimento. É uma forma de atrair atenção para suas necessidades básicas, como comida, frio ou sono, e de expressar suas emoções.

As crianças proibidas de chorar podem sofrer de estresse e ter sua saúde comprometida. Voltar o chorar quando se é adulto é bom, porque chorar não nos torna mais fracos, mas muito mais fortes. Além disso, após uma boa choradeira se ri mais e melhor.

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